ZINAIDA PORTNOVA: A VINGADORA DA URSS
Recentemente li “Verão de lenço vermelho” e fiquei apaixonada pela história. O romance gay que fez uma de suas autoras ser perseguida no próprio país e se refugiar na Europa, trás luz sobre a censura da URSS, a perseguição a comunidade LGBTQIA+ e ao antissemitismo – que não é um pensamento exclusivo do nazismo.
E entre todos os termos maravilhosos que o livro aborda, um dos principais é Zinaida Portnova.
Apesar de ter estudado russo por um tempo, nunca tinha me deparado com o termo “pioneiros heróis”. No livro, no entanto, esse é um termo que surge com frequência, porque o acampamento que serve de cenário para a história é uma homenagem a uma das principais pioneiras da URSS contra a invasão nazista.
A PEQUENA ZINAIDA
Nascida em 20 de fevereiro de 1926, Zinaida Martynovna Portnova, teve uma infância tranquila. Criada em uma cidade do interior e levado uma vida de camponesa, a Segunda Guerra Mundial alcançou sua realidade em 1941.
A região onde Zinaida nasceu e cresceu se tornou o que hoje conhecemos como Bielorrússia, e na época era a parte da URSS mais fácil de invadir, já que as tropas alemãs já tinham tomado a Polônia. Na época da invasão nazista, Portnova tinha completado 16 anos, e se uniu à resistência ao ver a devastação que começava.
Em sua vila (que foi impossível descobrir o nome exato, mas estava na região de Obol), a maioria dos jovens se uniu cedo ao Partido, e o grupo passou a ser reconhecido como Jovens Vingadores (a Komsomol).
O DESTAQUE PORTNOVA
A guerra se tornou pessoal para Zinaida quando sua avó foi agredida por soldados nazistas, o que a impulsionou a se tornar uma líder destemida dentro da Komsomol. Sua participação passou de entregadora de panfletos para membro ativo das missões.
Zinaida Portnova fez parte de grandes planos de sabotagem. Depois de aprender a usar armas e lidar com explosivos, a explosão de fábricas de tijolos e usinas, onde havia grandes concentrações nazistas, foram associadas à ela e ao seu pelotão.
A grande missão de Portnova, porém, foi como infiltrada em um pelotão. Contratada como ajudante de cozinha de uma das locações nazistas, Zinaida conseguiu envenenar mais de 100 soldados. E com a morte de várias desses soldados envenenados, Zinaida Portnova fugiu e se escondeu, o que alimentou ainda mais as teorias nazistas de que tinha sido ela a culpada dos envenenamentos.
EM NOME DA PÁTRIA
Depois de um tempo desaparecida e escondida entre outros membros da Komsomol, Portnova aceitou uma nova missão, mas dessa vez tinha ainda mais riscos.
Conhecida como Missão Suicida, a tal missão aconteceu em 1944 e Zinaida voltou a se infiltrar no mesmo local onde tinha envenenado os soldados na missão anterior. Mas a missão falhou e Zinaida foi reconhecida pelos oficiais nazistas e entregue aos seguidores mais fiéis do Führer em Obol.
Insatisfeita por ter sido pega pelos soldados, Portnova reagiu como pôde e chegou a conseguir a arma de um oficial e atirar em seu torturador. Enquanto fugia pelo campo na tentativa de escapar, foi capturada por soldados e levada à floresta. Zinaida Portnova foi executada antes de completar 18 anos.
Com sua execução e a repercussão da sua história, recebeu a Ordem de Lênin e o título de Heroína da União Soviética, em 1958. Sua história está eternizada no Museu Bielorrusso da Grande Guerra Patriótica e Portnova continua sendo um símbolo de bravura da nação.
Olive Marie ♥